O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), participou ontem, na Câmara dos Deputados, de audiência pública para discutir a má prestação de serviços de energia elétrica da operadora Enel, que tenta antecipar a renovação de seu contrato de concessão pública. No ano ado, a Enel chegou a deixar 2 milhões de paulistas sem energia por conta de problemas durante as chuvas.
“Eles (a ENEL) estão na cidade há 27 anos e vão dizer agora que vão melhorar, que vão investir? Prometeram em 2023 e 2024 e não fizeram. Fazem promessas e não cumprem. A empresa já mostrou que não é confiável”, disse Ricardo. Antes do prefeito, o presidente da Enel em São Paulo, Guilherme Lencastre, tentou prestar esclarecimentos sobre os problemas do serviço no Estado.
A Agência INFRA acompanhou a audiência e registrou o seguinte: “E aí, se a gente não tiver uma análise técnica criteriosa para fazer essa avaliação, Deus nos livre conviver com essa empresa por mais 30 anos”, afirmou o prefeito sobre a Enel.
Nunes lembrou que a inclusão dos eventos hoje expurgados como critério de avaliação foi introduzida em voto-vista do diretor da ANEEL Fernando Mosna, quando a agência analisou a renovação da EDP Espírito Santo. Segundo o voto de Mosna, se os expurgos ultraassem 140% nos últimos três anos, a concessão não poderia ser renovada. O voto, no entanto, não prevaleceu no colegiado.
O presidente da Enel SP, Guilherme Lencastre, afirmou que tem tentado “uma aproximação” com as prefeituras do estado de São Paulo. “Tive o reconhecimento desses prefeitos de que houve sim uma melhora. É claro, não resolvemos o problema. Tivemos uma situação muito grave […], o que aconteceu em novembro de 2023 na nossa concessão nunca tinha acontecido na história da região metropolitana de São Paulo”, declarou.
Ricardo articula um movimento contra a renovação da concessão, segundo a Agência Brasil. Os municípios que fazem parte da Grande São Paulovão mover ação conjunta contra a renovação da concessão de distribuição de energia elétrica à Enel. O processo está em avaliação no setor e, se concluído, levaria à renovação da concessão do serviço à Enel por mais 30 anos.
“A Agência Nacional de Energia Elétrica [Aneel] está procurando fazer uma manobra desonesta de antecipar o contrato, que vence em 2028, de uma empresa que não respeita as pessoas, que toda hora dá problema para os 24 municípios que eles atendem aqui no Estado de São Paulo”, afirmou Ricardo Nunes, que informou ser a medida consensual entre as prefeituras.